Delimitado pelo Parque Nacional Grande Certão Veredas, Guimarães batizou Nyctimantis diadorim em homenagem à obra de Rosa. Nyctimantis diadorim, uma nova espécie de perereca endêmica do Cerrado Reuber Brando. Em estudo publicado este mês na revista científica Herpetologica, pesquisadores brasileiros descrevem uma nova espécie de perereca do gênero Nyctimantis. O anfíbio é endêmico do bioma Cerrado. O anfíbio, batizado de Nyctimantis diadorim em homenagem ao personagem Diadorim da obra “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, só pode ser encontrado no Parque Nacional Grande Certão Veredas, unidade de conservação brasileira localizada na divisa do estado. Minas Gerais e Bahia. Em entrevista ao Terra da Gente, o biólogo Reuber Albuquerque Brandão, um dos autores do artigo, disse que viu a espécie pela primeira vez em 2011, quando pesquisadores faziam um inventário das espécies de anfíbios do parque. “Quando me pediram ajuda para identificar os exemplares coletados, quase tropecei no primeiro exemplar de Nyctimantis diadorim. É uma fêmea, aparentemente uma perereca de capacete, um grupo de espécies que apresentam graus variados de instabilidade óssea”, diz Ruber. Segundo ele, essas espécies costumam procriar apenas alguns dias por ano, geralmente menos de uma semana, geralmente durante o ano. primeiras chuvas fortes do ano Por isso não são uma espécie fácil de encontrar na natureza. O exemplar Nyctimantis Reuber Brandão era uma espécie nova, na época, incluída em um gênero com 86 espécies. Com base nisso, sem análise esquelética ou de DNA, não foi possível definir seu gênero ou sua espécie mais próxima. Para solucionar essas questões, foi necessário saber mais sobre a espécie – a localização, o formato do girino, entre outros dados. A partir daí, o biólogo Grande Certão organizou uma expedição ao Parque Nacional das Veredas, que aconteceu em dezembro de 2015. Durante a viagem, conseguiram encontrar sete pererecas da espécie. Infelizmente não conseguiram captar nenhum canto nem identificar o girino, mas com os dados recolhidos já é possível aprofundar a nossa compreensão sobre o mesmo. “Descrever uma espécie não é uma atividade simples e pode levar anos entre a identificação de uma nova espécie e a sua descrição formal. E pode ser ainda mais complicado se, a meio do caminho, nascer o seu filho mais novo e ocorrer uma epidemia global. não para e, com isso, alguns projetos continuam avançando mais lentamente”, diz Reuber Brando. Pesquisadores do Parque Nacional Grande Certão Reuber Brando comemoram o encontro com o animal. O estudo foi fundamental para definir a relação, Reuber do UFRN e foi analisado por Adrian Garda, além de redefinir Nyctimantis de uma para sete espécies após as alterações taxonômicas propostas. Depois disso, chegou a hora de coletar todos os dados já gerados e finalmente descrever os anfíbios. Após 13 anos, o pesquisador apresentou o. artigo em março de 2024. A origem do nome de Reuber diz que ele é um grande fã de “Grande Sertão: Veredas” e seu filho mais velho ainda adicionou diadorim ao próprio nome em homenagem à grande paixão de seu pai. O biólogo também descreveu e nomeou outras espécies em 2009 com referência ao trabalho, como o sapo-cururu Rhynella veredus. “Acho que essa é a característica mais importante do Cerrado entre o final do século XIX e início do século XX. século”, diz. Diadorim é um dos personagens misteriosos e fascinantes do romance de Guimarães Rosa, apresentado como um habilidoso e misterioso pistoleiro que luta com Riobaldo, protagonista e narrador da história. Filme ‘Grande Sertão’, 2024 Helena Barreto/ Divulgação Início Diadorim é uma figura corajosa, com mistério e tenacidade indomável, porém, Diadorim é na verdade uma mulher chamada Maria Diodorina, que esconde sua identidade para fazer parte do bando dos Jaguncos e vingar a morte de seu pai, o líder Joca Ramiro. A história de amor reprimido e tragédia faz dele um dos personagens mais interessantes do romance. Tanto Diadorim quanto Nyctimantis lutam para viver em uma paisagem linda, mas cheia de perigos”, relata Reuber, porém, quando Riobaldo procura os documentos de Diadorim na freguesia de. Itacarombi perto da conclusão da história, ele descobre que Diadorim nasceu no dia 11 de setembro, data em que comemoramos o Dia do Cerrado. “A descrição de uma espécie é muito importante porque sem nome não há como criar uma política de conservação de um organismo. Encontrar espécies que ainda não foram descritas é relativamente comum no Brasil, mas a velocidade com que são descritas e , se necessário, são adotadas medidas eficazes de proteção, o que é muito mais lento que o ritmo de desmatamento do bioma”, explica. A espécie Até o momento, Nyctimantis diadorim é conhecida apenas no Parque Nacional Grande Sertão Veredas – unidade de conservação de proteção integral. Ainda não se sabe se isso ocorre em outras localidades, por isso as populações do parque são essenciais para a sobrevivência da espécie. “Esperamos que novas populações sejam encontradas, mas manter o parque como localidade tipo da espécie (localização da população mais característica da espécie) é uma garantia muito importante para a sua conservação. Isto é, se, no atual ataque aos parques nacionais que querem ocupá-los por pessoas ou por soja, esse parque existir”, afirma Reuber. Até o momento, Nyctimantis diadorim é conhecido apenas no Parque Nacional Grande Sertão Veredas Reuber Brandão. É importante ressaltar que outras espécies do gênero Nyctimantis, como Nyctimantis pomba e Nyctimantis galeata, também são conhecidas e consideradas apenas em sua localidade. Outras espécies ameaçadas requerem atenção de conservação, como Nyctimantis arapapa e Nyctimantis siemersi. Por ser descrito recentemente e ainda pouco estudado, não é possível afirmar o nível de ameaça do Nyctimantis diadorim, segundo o pesquisador. No entanto, a sua dependência das florestas pantanosas, que estão secando à medida que os níveis de água caem no Cerrado, suscita preocupações, especialmente com o risco de incêndio neste ambiente. Até o momento, novas espécies de vertebrados ainda não foram descobertas no Cerrado, bioma que já destruiu 50% de seu território. Isso muitas vezes ocorre sem o estudo de regiões inteiras, levando à perda potencial de espécies antes que sua história evolutiva e potencial biotecnológico sejam conhecidos. Pesquisadores ainda n. Pouco se sabe sobre os hábitos do diadorim, mas sabe-se que a espécie está associada a matas pantanosas, matas alagadas de cerrado, solos pouco consolidados e qualquer curso de água bem estabelecido. Essas florestas representam uma pequena porção do Cerrado e são altamente suscetíveis ao fogo. “Agora continuaremos as pesquisas com estudos anatômicos e histológicos visando verificar a possível distribuição das glândulas na espécie. Por fim, a colaboração com outros laboratórios ajudará a descobrir quais são as substâncias que estão na sua pele e como funcionam essas substâncias”, conclui. *Vídeo aula supervisionada por Lizzie Martins: Destaques Terra da Gente Veja mais conteúdos sobre natureza na Terra da Gente

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