ACCRA – É pouco provável que o parlamento do Gana aprove um orçamento provisório antes das eleições gerais de 7 de Dezembro, dizem antigos funcionários e especialistas, o que corre o risco de desencadear uma paralisação governamental sem precedentes no início do próximo ano.
A nação da África Ocidental deverá eleger um sucessor para o Presidente Nana Akufo-Addo, cujo mandato de dois mandatos termina em Janeiro. Normalmente, um orçamento provisório é aprovado em Novembro, durante os anos eleitorais, para cobrir a lacuna até a posse do presidente eleito.
“Corremos o risco de uma paralisação do governo ou, na melhor das hipóteses, de redução dos gastos governamentais a partir de janeiro”, disse Seth Terkper, ex-ministro das Finanças de 2013 a 2017, numa entrevista.
O governo poderá ter de reduzir o pagamento de juros e o financiamento para a transição, acrescentou, a menos que um orçamento seja aprovado em Dezembro.
O fracasso na aprovação de um orçamento seria a primeira vez em mais de 30 anos para o Gana, o segundo maior produtor mundial de cacau.
O parlamento do Gana está suspenso por tempo indeterminado desde 23 de Outubro devido a um impasse sobre qual dos dois principais partidos tem a maioria dos assentos.
O Supremo Tribunal decidiu em 12 de Novembro que a declaração do Presidente do Parlamento, Alban Bagbin, era inconstitucional.
Desde então, Bagbin recusou pedidos de revogação do parlamento, dizendo que isso interromperia a campanha eleitoral.
“Não houve nada parecido antes”, disse à Reuters Patrick Yaw Boamah, presidente do comitê de finanças do parlamento.
O Ministério das Finanças não respondeu a um pedido de comentário. O Ministro das Finanças, Mohammed Amin Adam, estabeleceu o prazo de 15 de Novembro para a apresentação do orçamento provisório.
O Parlamento tem agora algumas semanas para aprovar o orçamento provisório para evitar cortes e um potencial encerramento.
Os sindicatos do Gana esperam que o parlamento trabalhe numa solução antes que esta afecte os trabalhadores.
“É um grande problema… Esperamos que o resolvam antes de janeiro, para que não afete os salários”, disse Joshua Ansah, chefe do Congresso Sindical, à Reuters. REUTERS