MAPUTO – Pelo menos 10 pessoas foram mortas a tiro e outras 63 ficaram feridas durante protestos pós-eleitorais em Moçambique na semana passada, disseram associações médicas na quarta-feira, enquanto o país se preparava para novas manifestações.
Os protestos eclodiram antes e depois de a comissão eleitoral de Moçambique ter anunciado que o partido no poder, Frelimo, tinha vencido as eleições de 9 de Outubro, prolongando os seus 49 anos no poder. Candidatos da oposição, grupos da sociedade civil e observadores afirmaram que as eleições foram fraudulentas.
A comissão eleitoral recusou-se a comentar as alegações de fraude, enquanto a Frelimo não respondeu aos pedidos de comentários.
A polícia respondeu aos protestos com gás lacrimogêneo e tiros. O Ministro do Interior, Pascoal Ronda, disse aos jornalistas na terça-feira que os protestos foram violentos e que as forças de segurança foram obrigadas a restaurar a ordem pública, o que resultou em mortes.
“No período entre 18 e 26 de outubro foram registados 73 casos de tiroteios, dos quais resultaram 10 mortos”, refere um comunicado conjunto da Ordem dos Médicos de Moçambique e da Ordem dos Médicos de Moçambique, que publicaram no Facebook.
Os números reais podem ser mais elevados, uma vez que muitas pessoas não se apresentaram aos hospitais, disse a Human Rights Watch, que confirmou de forma independente 11 mortes e disse que mais de 50 pessoas sofreram ferimentos graves de bala.
As tensões aumentaram no período pós-eleitoral, depois de um advogado e funcionário do partido da oposição terem sido mortos a tiro no seu carro, três dias após a votação. O governo dos EUA e outros pediram uma investigação.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane, que ficou em segundo lugar nos resultados oficiais mas afirma ser o verdadeiro vencedor, apelou a novas manifestações a partir de quinta-feira durante uma semana.
Na capital, Maputo, o tráfego foi mais intenso do que o habitual na quarta-feira, com as pessoas a comprar alimentos e outros artigos em preparação para possíveis distúrbios nos próximos dias. REUTERS