A legislação ainda terá que passar por dez etapas de debate e novas votações nas Câmaras, nos Comuns e nos Lordes. A previsão é que demore dois anos para entrar em vigor. A Inglaterra aprovou nesta sexta-feira (29) uma lei que permitiria que pessoas com doenças terminais encurtassem suas vidas com assistência médica. Os britânicos qualificaram a votação de “histórica”. O debate durou mais de cinco horas, gerando tumulto e confrontos acalorados fora do parlamento, onde partidos adversários protestaram lado a lado. A lei em discussão difere da eutanásia e do suicídio assistido. Na eutanásia, o médico administra um medicamento letal para acabar com o sofrimento do paciente, que não é necessariamente terminal. No caso de suicídio, outra pessoa ajuda o paciente a acabar com a vida, mesmo que não seja uma doença terminal. Isto pode incluir o fornecimento de um medicamento letal ou ajudar o paciente a viajar para outro país onde o procedimento seja legal. A morte assistida, que é o caso britânico, ocorre quando um paciente terminal se injeta com uma droga letal administrada por um profissional de saúde. O projecto prevê que adultos, com doença terminal, e com menos de seis meses de vida, com plena capacidade mental, possam tomar decisões de morte assistida. O regime britânico estabelece que um paciente — com uma doença terminal — necessita da aprovação de dois médicos e de um juiz do Tribunal Superior para ter direito à morte assistida. Mesmo após aprovação judicial, o paciente terá duas semanas para refletir. Forçar alguém a manifestar o desejo de morrer será considerado crime, punível com até 14 anos de prisão. Procedimentos semelhantes são permitidos noutros países europeus, como Suíça, Países Baixos, Bélgica, Luxemburgo, Espanha e Áustria. E estão a ser discutidos nos parlamentos de França e da Alemanha. O parlamento de Portugal aprovou a eutanásia no ano passado. Nos Estados Unidos, 12 estados e capitais permitem a morte assistida. No Canadá, é fornecido no sistema público de saúde. No Reino Unido, apenas a primeira rodada de morte assistida foi aprovada nesta sexta-feira (29). Ainda precisa ser debatido e votado novamente antes de se tornar lei. E como se trata de um assunto muito delicado, os dirigentes partidários decidiram que cada deputado deveria votar de acordo com a sua consciência —sem qualquer indicação de partidos. Algo muito raro em Westminster. Na votação de sexta-feira, o projeto foi aprovado por 330 votos a 275. O primeiro-ministro Kier Starmer – que também é deputado – votou a favor. Um parlamentar – que é contra – explicou que meses de debate estão por vir e que espera mudar algumas das coisas que considera problemáticas. Outro deputado – que é a favor – admitiu que há desafios – um deles é determinar como será a incorporação da morte assistida no sistema público de saúde, o SNS, que é referência no mundo. A legislação ainda terá que passar por dez rodadas de debate e novas votações tanto na Câmara dos Comuns quanto na Câmara dos Lordes, e estima-se que demore dois anos para entrar em vigor. A legislação ainda terá que passar por dez etapas de debate e novas votações nas Câmaras, nos Comuns e nos Lordes. A previsão é que demore dois anos para entrar em vigor. Leia também: Deputados do Reino Unido aprovam projeto de lei que legaliza a morte assistida Morte assistida: relato exclusivo de como é ter uma morte assistida com eutanásia quando um ente querido morre: o que a lei brasileira diz sobre a morte assistida