Especialistas ouvidos pelo g1 disseram que esses empréstimos podem ser úteis em situações de emergência, mas o uso deve ser razoável e deve haver um plano de reembolso rápido. Os cheques especiais são o tipo de crédito mais caro do mercado. Freepik 1.895,00 Os cheques especiais são a modalidade de crédito mais cara do mercado – ou seja, com altas taxas de juros. É uma linha pré-aprovada pelo banco e serve como reserva para uso emergencial dos clientes. Dados divulgados pelo Banco Central do Brasil (BC) no início de setembro mostram que as taxas de juros para pessoas físicas em cheques especiais podem chegar a cerca de 170% ao ano (ou 9% ao mês) dependendo da instituição financeira. Esse crédito é vinculado à conta corrente e fica à disposição do correntista, que pode transferir recursos diretamente pelo aplicativo do banco, por exemplo, sem precisar entrar em contato com a instituição. O cheque especial é ativado automaticamente quando o cliente realiza uma transação com valor superior ao valor de sua conta. Nesse caso, a parcela que irá para a linha de crédito é a diferença entre o saldo e o valor transferido. Praticidade, rapidez na utilização e o fato de ser um crédito pré-aprovado e sem garantia do banco são algumas das características que explicam porque as taxas de juros dessa modalidade são tão altas em comparação às linhas de longo prazo. “Essa, junto com os empréstimos com cartão rotativo, é uma das linhas de crédito mais caras disponíveis para pessoas físicas pelas instituições financeiras”, disse Paula Sauer, professora de economia e finanças pessoais da ESPM. Mas especialistas ouvidos pelo G1 disseram que o método pode ser considerado útil em caso de emergência. Por outro lado, taxas de juro elevadas podem ser uma armadilha — especialmente para quem utiliza activos sem planear reembolsar o empréstimo imediatamente. Veja abaixo. Leia também Golpe de ‘escolhas erradas’: bancos alertam sobre incidentes crescentes; Saiba como se proteger Cadastro Único: Veja como se cadastrar para ter acesso a benefícios sociais Há alguma pendência no seu CPF? Veja como marcar uma consulta e recuperá-la em situação regular Quando a portabilidade de dívida do cartão de crédito começa a valer? Thaisa Durso, educadora financeira da Ricoh, classifica o cheque especial como “uma ajuda” para emergências, como despesas médicas inesperadas ou reparos urgentes. “Também pode ajudar a cobrir um custo temporário, principalmente se o banco oferecer algum tipo de desconto nos juros ou condições favoráveis, como parcelamento com taxa menor”, disse. Segundo especialistas, a utilização de uma linha de crédito só se justifica quando não existe outra fonte imediata de recursos. A professora da ESPM Paula Sauer segue linha semelhante. Ele explica que, apesar de ser um método com má reputação, o cheque especial pode desempenhar um papel importante se utilizado de forma adequada. “Não deve ser utilizado por longos períodos e muito menos como complemento de renda”, alerta. Quando evitar – e por quê? Segundo especialistas, o principal problema desse tipo de empréstimo é a alta taxa de juros. “Isso significa que, se você não pagar rapidamente, a dívida pode crescer exponencialmente”, diz Thaisa, da Ricoh. Veja abaixo uma simulação da evolução da dívida ao longo do tempo, em cheques especiais e outras formas. A tabela foi preparada por economistas da Ricoh com base nas taxas de juros médias até julho de 2024. R$ 1.000 (juros médios – ao ano %) Além dos juros sobre a evolução do empréstimo, Thaisa alerta ainda que o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) é cobrado desde o primeiro dia em que o cliente utiliza o cheque especial, o que pode ainda mais aumentar o custo. “Portanto, evite usar o cheque especial para gastos desnecessários, como compras por impulso ou atividades de lazer”, aconselha. O especialista reforça ainda que, caso seja necessário utilizar uma linha de crédito, é fundamental ter um plano concreto para reembolsá-la no prazo esperado. “Isso ajuda a evitar o acúmulo de juros, que pode ficar fora de controle.” Paula Sauer, da ESPM, observa que os cheques especiais costumam ser usados de forma descuidada, como se fizessem parte do saldo de uma conta. “Esse é provavelmente o maior descuido. Cheque especial é uma dívida e deve ser tratado como tal”, afirma. Ele orienta que, antes de utilizar, o cliente verifique também a taxa e o prazo da cobrança, pois há alguns bancos que oferecem alguns dias sem juros. “De qualquer forma, é importante verificar o custo efetivo total do produto (todos os encargos, impostos, taxas e despesas) para minimizar surpresas desagradáveis. Caso perceba que o prazo do empréstimo está maior do que o planejado, vale pesquisar por outro. Linhas de Crédito que são baratas compridas”, concluiu.