CALCUTÁ – O pai da médica que foi estuprada e assassinada na cidade de Calcutá, na Índia, disse na noite de quarta-feira que a polícia apressou a família para cremá-la, embora quisessem manter o corpo dela por algum tempo.
Policiais de Calcutá não responderam aos pedidos de comentários da Reuters.
O ataque de 9 de agosto no RG Kar Medical College and Hospital desencadeou protestos em todo o país, com as pessoas exigindo justiça para a médica estagiária, que foi morta em uma sala de aula onde descansava durante um exaustivo turno de 36 horas.
Um voluntário da polícia foi preso pelo crime e está sob custódia judicial.
Os manifestantes também exigem mais segurança nos hospitais públicos, que, segundo eles, não dispõem de comodidades básicas, como salas de descanso para médicos, câmeras de circuito fechado de televisão (CFTV) e pessoal de segurança.
“Queríamos ficar com o corpo da nossa filha, mas uma pressão extraordinária foi colocada sobre nós e o corpo foi cremado”, disse o pai da mulher ao se juntar aos médicos que protestavam na faculdade na quarta-feira à noite.
Ele também alegou que um policial sênior o chamou de lado e lhe ofereceu dinheiro quando o corpo de sua filha foi levado para casa após a autópsia e antes da cremação.
“Eu disse a ele o que pensava e me recusei a aceitar qualquer dinheiro”, disse ele, sem especificar o motivo da oferta.
O policial acusado de fazer a oferta não respondeu a ligações e mensagens solicitando comentários. A vítima não pode ser nomeada sob as leis locais.
A ministra do Desenvolvimento Infantil e da Mulher de Bengala Ocidental, Shashi Panja, disse na quinta-feira que o governo não realizaria uma “autópsia” dos comentários dos pais.
“Respeitamos o que a família está dizendo, eles perderam a filha”, disse ela em uma entrevista coletiva, onde também pediu à polícia federal, que assumiu a investigação no mês passado, que concluísse a investigação rapidamente e “revelasse a verdade”.
A Reuters informou no início desta semana que o governo de Bengala Ocidental prometeu, em 2019, tomar medidas para garantir melhor segurança nos hospitais do estado, mas não as implementou na prática.
A polícia federal também prendeu o ex-diretor do RG Kar Medical College, seu assessor próximo e dois fornecedores de suprimentos hospitalares por suposta corrupção.
O incidente mais uma vez colocou os holofotes sobre a falta de segurança para as mulheres na Índia, que, segundo ativistas, continuam sofrendo violência sexual, apesar de leis mais duras terem sido introduzidas após o estupro coletivo e assassinato de uma mulher em um ônibus em movimento em Delhi, em 2012. REUTERS