CANBERRA – O governo australiano apresentou no dia 27 de Novembro um projecto de lei no Parlamento que imporia multas potencialmente milionárias às grandes cadeias de supermercados que não cumprissem um código de conduta da indústria que garante que não maltratam os fornecedores.
A legislação surge na sequência de acusações de políticos e agricultores de que as maiores cadeias de supermercados estão a utilizar a sua escala para sufocar a concorrência, maltratar fornecedores e cobrar excessivamente aos clientes, acusações que as empresas rejeitam.
Grandes mercearias, incluindo os líderes de mercado Woolworths e Coles, juntamente com a Aldi da Alemanha e o atacadista Metcash, serão obrigados, a partir de abril de 2025, a cumprir um código de conduta que até agora tem sido voluntário.
A legislação imporia multas de até 10% do volume de negócios anual por violações do código, que abrange principalmente negociações com fornecedores.
A Woolworths relatou vendas de alimentos australianos de A$ 48 bilhões (S$ 41,86 bilhões) em 2023, enquanto a Coles teve A$ 37 bilhões e a Metcash A$ 10 bilhões. Aldi não divulga seus ganhos.
“Estamos reprimindo a má conduta dos supermercados porque isso ajudará os compradores no caixa e ajudará os agricultores e fornecedores na mesa de negociações”, disse o ministro adjunto do Tesouro, Andrew Leigh, em um comunicado.
A inflação elevada corroeu o índice de aprovação do governo trabalhista de centro-esquerda antes das eleições marcadas para o início de 2025.
O setor de supermercados da Austrália é um dos mais concentrados do mundo, dizem os comentaristas. Woolworths e Coles vendem juntas dois terços de todos os mantimentos.
Os apelos para desmembrar as grandes cadeias foram rejeitados num relatório encomendado pelo governo no início de 2024.
Coles, Metcash e Aldi disseram apoiar o código de conduta obrigatório. Woolworths encaminhou um pedido de comentário à Australian Retailers Association (ARA), que afirmou também apoiar o código.
“As relações positivas com os fornecedores são uma prioridade fundamental para os nossos membros, assim como a relação custo-benefício para os consumidores”, disse a diretora de assuntos industriais da ARA, Fleur Brown, em comunicado à Reuters.
No entanto, a associação levantou preocupações de que o código tenha ido além das recomendações do relatório encomendado pelo governo, “particularmente em áreas relativas a sanções individuais e disposições de retribuição”, disse ela. REUTERS